A injusta demissão de Rosangela pela FUNPAR/HC
Em 2 de agosto, o HC trocou o programa antivírus em sua rede de
computadores. A servidora administrativa Rosangela, que trabalhava
desde 4 de maio no Serviço de Genética Médica, atendendo pedido do
coordenador do Serviço solicitou um profissional da área de informática
para realizar as devidas atualizações, incluindo a do antivírus. Nessa
data de 2/8, uma professora da Genética Pediátrica, médica que atende no
SAM2 nas manhãs de quinta-feira, parecia estar com especial disposição
para por em ação seu temperamento “difícil”, propenso a humilhar e
destratar os que considera subalternos, como se comprovou pelos fatos
que seguem.
Essa médica, que deve julgar-se membro de
uma “casta” superior dentro do HC, passou a assediar a servidora
Rosangela, levantando dúvidas quanto a seu caráter, bombardeando com
questionamentos a ela e ao profissional requisitado, seguindo-os por
onde se deslocavam no Serviço de Genética. "Quem a autorizou a mexer no
computador do professor? Quem autorizou este profissional a entrar na
sala do professor?”, disparava a irascível doutora, pré-julgando que a
servidora Rosangela estaria fazendo coisas que não devia e por conta
própria, sem autorização do Coordenador do Serviço.
Sob todo esse constrangimento e apesar dele,
o profissional de informática completou seu serviço e saiu.
Insatisfeita, a doutora geneticista passou a bradar em voz alta diante
de Rosangela que já a vinha observando há muito tempo e não gostava de
seu desempenho. Talvez a irritadiça médica não tenha apreciado que
Rosangela, sob autorização de seu Coordenador no Serviço, tenha
realizado algumas melhoras no local de trabalho (coisas simples como
trocar uma impressora velha por uma nova, os móveis etc).
Embora lide com uma ciência cheia de rápidas
mudanças e avanços como a Genética, parece que a doutora não gostava de
outros tipos de mudanças... Rosangela manteve a calma para ouvir
calada os impropérios da “mestra”, apenas tentando replicar que jamais
havia sido deseducada ou desrespeitosa, que nada motivava racionalmente a
atitude persecutória. Isto não aplacou a ira da médica, que avisou que
o caso não acabaria ali.
Nos dias seguintes, a médica, chegando ao
Serviço, dirigia-se apenas aos dois biólogos e ignorava solenemente a
presença de Rosangela. Na sexta-feira, 5 de agosto, estava Rosangela ao
telefone atendendo um paciente de fora do Paraná, quando a nervosa
médica passou a chamá-la insistentemente para vir à sua sala. Rosangela
pediu um instante para concluir sua orientação ao paciente e logo em
seguida foi à sala da médica. Ali chegando, Rosangela foi de novo alvo
de uma saraivada de reclamações, aos gritos, em que a médica exigia
que, quando chamasse uma subordinada, tinha que ser atendida de pronto,
sem dar chance a qualquer explicação sobre o paciente que estava ao
telefone antes. Assim, mesmo diante de pacientes (pais com crianças)
que estavam no Serviço, a irada médica berrou repetidamente que
Rosangela juntasse suas tralhas porque seria demitida.
A crise histérica da médica instalou um
pandemônio no serviço, deixando espantados os pais presentes, as
crianças, os biólogos... ninguém entendia o motivo daquele
destampatório! Uma bióloga caiu no choro de tão atônita, sem nada
entender...
Durante isso, Rosangela conseguiu manter a
calma. Tendo na bagagem de vida a experiência de trabalho com outras
chefias problemáticas e também a vivência sindical com seus conflitos
inerentes, ela respondeu à chefete destemperada que não era nenhum bicho
para receber aquele tratamento, que as coisas não funcionavam do modo
arbitrário como a agressora pretendia e que esta, se realmente desejava a
demissão sumária, deveria prover documentação justificadora da dispensa
do trabalho.
A médica retrucou que a demissão de
Rosangela já estava programada desde dois ou três dias antes e que
possuía carta branca da “direção” para agir assim, mas não explicitou
que setor da direção do HC lhe havia delegado tal poder.
Simultaneamente, um dos biólogos
comunicou-se com o Coordenador do Serviço de Genética Médica, para ir
até o local. A médica documentou sua versão do acontecido em seu
computador, mas não forneceu cópia para Rosangela; disse que ia entregar
seu documento diretamente á Direção do HC e se retirou quando se deu
conta de que o Chefe do Serviço estava para chegar.
O médico Coordenador do Serviço chegou e fez
uma reunião. Disse que a situação o obrigava a tomar atitudes a partir
da semana seguinte, avaliou que a colega dele precipitou-se e que ele
não admitia ter ela passado por cima da sua autoridade como Coordenador
do Serviço. O Coordenador acompanhou Rosangela até a UAP, relatando o
ocorrido para a responsável pelo SAMP (Serviço de Apoio e Movimentação
Profissional do RH-HC). Preencheu um formulário (figura abaixo) na
presença da servidora atacada, no qual assinala seu bom desempenho
profissional administrativo, mas que não havia mais nada a fazer uma vez
que a sub-chefe, sua colega, a havia dispensado. Submetendo-se aos
caprichos da médica raivosa, o Coordenador se viu obrigado a reforçar o
caráter de DEMISSÃO do ato ocorrido.
O que aqui se narra, relatado pela servidora vítima desse abuso de autoridade, apoia-se também em documentação. Rosangela foi
dispensada na tarde do dia 5/8 (sexta) pelo SAMP, com o compromisso de,
na segunda-feira (8/8), após as 10:00, comparecer na UAP para
conversar com a Diretora de Área do RH do HC. No dia 8, essa diretoria
sequer recebeu Rosangela, limitando-se a dizer, através de outra
funcionária do SAMP, que ela se dirigisse até a sede da FUNPAR.
Na FUNPAR, Rosangela encontrou a
Coordenadora do RH-FUNPAR, que pediu para ela aguardar em casa um
contato, pois precisava conversar com a UAP para pedir o documento que
originou a DEMISSÃO. O RH prometeu ligar a ela para informar a agenda
do exame demissional e a data da suposta rescisão; comentou, inclusive,
que na sexta-feira, reunida com o dep. jurídico da FUNPAR, eles não
iriam adotar postura de questionar as atitudes tomadas pelo HC nem de se
indispor.
Correndo os dias depois de 8/8 sem nenhuma
nova comunicação da parte da FUNPAR, Rosangela resolveu voltar à FUNPAR
mas não conseguiu se avistar com a coordenadora, que mandou recado de
estar ocupada em reunião e sem hora previsível para conversa.
Persistente, Rosangela dirigiu-se até a UAP-HC, onde também não foi (de
novo) recebida pela Diretora de Área. O SAMP informou que a dita
diretora de àrea afirmara que, se Rosangela já tivesse advogado
constituído, este pedisse o documento gerador da DEMISSÃO via judicial,
já que essa Diretora (professora também) não iria cobrar da colega
professora médica...
Por aí se vai vendo, na prática desse
périplo maluco pela burocracia, como também funciona o corporativismo.
O HC está coalhado disso. Como questiona Rosangela: “O professor
médico que se acha empresário, dono do negócio, mas por que não são
cobradas as suas responsabilidades como tal, ou seja, como agem lá fora
em seus consultórios ? Mandou embora, arque com o prejuízo... não é? Mas
dentro do Hospital corre o espírito de superioridade, eles pensam ‘
aqui eu posso porque é terra de ninguém, o HC e a FUNPAR que
resolvam’... esse é o lado destrutivo do famigerado corporativismo.
Vejam quem ocupa os cargos de ponta nesta estrutura institucional –
médicos, enfermeiros graduados, professores com seus PhDs.”
Mesmo a FUNPAR sabendo de tudo, passou a
tentar armar um processo demissional por justa causa! Contudo,
Rosangela não é inexperiente nem ingênua, conhece a lei trabalhista que
rege seu contrato. Sabe que há que ter motivo da demissão documentado,
datado e com testemunha. Ela pessoalmente protocolou na FUNPAR a
Notificação Extrajudicial, elaborada por seu advogado, que está
reproduzida na postagem do Blog NaLuta. Na mesma data em que a FUNPAR
alegou tomar ciência (10/8), pretendeu sutilmente enganar Rosangela com a
versão inventada de que ela teria incorrido em abandono de emprego! Se
assim fosse, Rosangela ainda iria receber carta de advertência pelo
suposto abandono...
Sendo “gata escaldada” de outros entreveros
trabalhistas, Rosangela sabe de seus direitos e vai reclamar na Justiça o
que lhe é devido. Ela diz: “me demitiram, sim, e não fui a única nem a
primeira sem justa causa. Até agora, 17/8, estou sem resposta oficial à
notificação extrajudicial que protocolei em 11/8 no DP da FUNPAR. E
completa: “só quero o que é justo e meu por direito, e só quem fala e
age sob a VERDADE e a LEI aguarda tranquilamente o desdobramento
diante do Tribunal onde nos encontraremos. É lamentável que depois de 21
anos de trabalho a FUNPAR e o HC ainda não saibam quem é o patrão... Eu
sei com quem assinei contrato e sei também que me dediquei, pois ganhei
para isto. Irônico seria que, em meio a essa desorganização, sobrasse
para a professora da Genética causadora disso, que ela arcasse com os
custos trabalhistas de minha demissão...”
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